martes, 7 de septiembre de 2010

Homenaxe a José Saramago


Recente a morte do escritor portugués e Premio Nobel José Saramago, aproveitamos o noso recital de poemas de Uxío Novoneyra no Auditorium do Museo do Pobo Galego para rendirlle unha pequena homenaxe recitando o seu poema "Não direi".

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.


Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.


Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.


Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.


Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

No hay comentarios:

Publicar un comentario